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após Centro Cultural São Francisco projeto vai reformar outras igrejas

Cruzeiro do Centro Cultural São Francisco foi restaurado em primeiro estágio de obra de revitalização no projeto Caminhos da Fé – Foto: TV Cabo Branco.

Iniciado em 2023, o projeto Caminhos da Fé tem o objetivo de fazer um amplo trabalho de revitalização do complexo religioso barroco do Centro Histórico de João Pessoa. A iniciativa já reformou o cruzeiro do Centro Cultural de São Francisco, e vai ser expandido para pelos menos mais quatro igrejas.

As obras contam com verbas públicas e privadas. O projeto recebeu recursos originários de leis de incentivo à cultura. Empresários também se uniram para colaborar diretamente com a iniciativa. E a prefeitura de João Pessoa também confirmou repasse de recursos.

A primeira etapa do projeto foi focada no cruzeiro do Centro Cultural São Francisco, e já foi concluída. Também serão restaurados os seis nichos que narram os passos de Jesus e os detalhes em pedra calcária na parte de cima dos muros. Depois, os trabalhos se voltam para a fachada, para o relógio de sol e para a fonte de São Francisco.

Além disso, outros quatro locais vão passar por reformas:

  • Catedral Basílica Nossa Senhora das Neves
  • Mosteiro de São Bento
  • Igreja da Nossa Misericórdia
  • Igreja do Carmo

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Centro Cultural São Francisco

Muros do adro do Centro Cultural São Francisco estão sendo restaurados em projeto Caminhos da Fé – Foto: TV Cabo Branco.

O padre Marcondes Menezes, diretor do Centro Cultural São Francisco, o trabalho de restauração dos muros do adro do local já está em andamento.

Além disso, o padre também confirmou que está sendo pensado dentro do projeto Caminhos da Fé a intenção de estender as reformas para uma outra igreja que não estava prevista inicialmente dentro do que foi divulgado. Segundo o padre Marcondes, a potencial nova igreja é a de São Pedro Gonçalves.

“O objetivo é justamente contar a história da cidade de João Pessoa a partir desses monumentos coloniais. São monumentos que marcaram a cidade. Eles foram pensados desde o seu início, da fundação da cidade, com a implantação de cada igreja, de cada convento, e a partir daí a nossa equipe viu que era um projeto interessante, onde a gente pudesse contar a história da cidade, da fundação da Cidade, a partir dessas edificações religiosas”, disse o padre responsável pelo projeto.

Importância histórica das igrejas

Centro Cultural São Francisco é um dos primeiros a passar por reforma – Foto: Foto: Cácio Murilo/ MTur/ Acervo.

O historiador e professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Ângelo Emílio ressaltou a importância da preservação e do trabalho do projeto Caminhos da Fé de revitalizar esses locais históricos.

“Um dos maiores, ou talvez, o maior agente urbano das cidades é a igreja católica, quer dizer, as paróquias, dioceses e principalmente a partir do clero regular, as ordens religiosas, particularmente no caso do Brasil, com os jesuítas, os beneditinos, os carmelitas e os franciscanos. Digamos que elas definem o espaço dos seus templos dentro da área urbana, e eles acabam se tornando vetores de urbanização”, disse.

Segundo o historiador, em João Pessoa, principalmente, a questão das igrejas serem fundamentais para o crescimento inicial das cidades e o desenvolvimento posterior delas foi um processo ainda mais arraigado.

“Se a gente perceber numa cidade como João Pessoa, há toda uma discussão efetiva de se ela tinha um traçado urbano planejado e regular, ou se é casual, mas a gente percebe um formato urbano que é orientado exatamente pela presença desses templos, eles são grandes definidores dessa configuração urbana”, ressaltou.

O historiador ainda ressaltou que diante de toda essa importância, a ação de restauração e cuidado é decisiva para manter a memória da cidade.

“Uma iniciativa de se fazer processos de conservação, restauro e eventual reforma dessas edificações, em princípio é bem-vinda. Evidentemente, obedece a critérios técnicos definidos a partir dos entendimentos com os patrimoniais e num diálogo com a cidade. Efetivamente, a gente precisa entender que esses prédios não existem como entidades singulares, eles interagem com o tecido urbano e, particularmente, com o seu entorno. Então há pessoas que circulam ali, que trabalham ali, que moram ali, e que é importante que essas pessoas, em alguma medida, sejam chamadas ao diálogo”, ressaltou.